segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Cambonear


Cambone é aquele médium que não irá incorporar durante a gira. Irá zelar pelo bom atendimento, ajudar a dinamizar as consultas e facilitar o trabalho das entidades.
Pobres dos que se veem diminuídos por só cambonearem.
Cambonear (ou cambonar como é dito em alguns terreiros) é um ato divino que exige doação, atenção, carinho e zelo pela entidade e o médium que a incorpora.
Nenhum médium chega a grau evolutivo algum, se não tiver em sua bagagem muitas e muitas giras camboneando diferentes entidades de diferentes médiuns.
Conhecer a forma em que cada um trabalha, os procedimentos e materiais utilizados nos diferentes trabalhos e fundamentos da Umbanda, é parte essencial do processo doutrinário do médium, e consequentemente das entidades que um dia trabalharão nele.
É muito importante lembrar-se que se o médium não tiver noção nenhuma de como se faz um trabalho, a entidade pode até ter a força para executá-lo, mas por falta de doutrina, provavelmente vai errar em alguma coisa. E a base dessa doutrina é o ato de cambonear.
Não é à toa que dentro de um terreiro, as entidades dos médiuns da casa assumem características parecidas com as entidades do zelador. É um processo em cadeia que se espalha através do que se é observado no momento que camboneamos.
Isso porque a partir do momento que o médium veste a roupa de santo, salda seu congá e cruza suas guias, ele automaticamente aproxima sua corrente de entidades para o lado dele. Logo, tudo que ele ver ouvir ou sentir será visto, ouvido e sentido pela entidade. Estando ele incorporado ou não.
Tendo em vista todos esses fatores, mais o de que a entidade precisa de um cambone não só para auxiliar em servir, mas principalmente para dividir as energias, temos que acabar de vez com esse mito que brota na cabeça de médiuns (especialmente iniciantes), de que cambonear é um ato menos importante que incorporar.
Pois esse é o principal fator que faz com que médiuns mesmo sem radiação, queiram o momento de atenção deles na gira para fechar o olho e receber uma entidade que talvez naquele dia precise apenas observar o que está acontecendo do astral. Gerando em muitos a mistificação.
Tendo em vista os fatos citados acima, que tal aproveitarmos mais o tempo que temos de desenvolvimento, para aprender como realmente se trabalha incorporado através de cambonear?
A hora de todos trabalharem vai chegar, e quando chegar o que vai determinar se irão trabalhar bem e com segurança, será o que aprenderam camboneando antes de assumirem uma responsabilidade maior.



                       





Aos ser escalado ou se prontificar em cambonear uma entidade o médium deve se atentar a alguns fatores que na correria de uma gira, podem fazer toda diferença.
Dentre eles, os principais são:
v  Consultar o médium que vai cambonear para saber quais serão as entidades que ele trabalhará naquele dia, e quais são as coisas que cada uma utiliza
v  Separar com o médium cada uma dessas coisas de maneira que fique fácil alcança-las no momento em que forem solicitadas pela entidade
v  Ter sempre fósforo, papel e caneta a postos para cambonear
v  Procurar sempre cambonear pessoas diferentes em cada gira, mas estar 100% para aquele que escolheu naquele dia
v  Posicionar-se próximo a esse médium desde a abertura da gira, pois é possível que ao sentir radiação ele não terá tempo de avisar que vai incorporar
v  Esperar a entidade cumprimentar os quatro cantos da casa para abordá-la
v  Nunca tocar em nada da entidade se não tiver certeza que tem permissão. Ex: cocares de caboclos, só podem ser manuseados pelo médium, zelador e padrinhos
v  Jamais tratar a entidade como “você”, sempre como senhor, senhora, vós e pelo nome
v  Estar sempre atento aos itens como vela, cigarro, charuto, fumo de cachimbo, copos e bebidas
v  Naturalmente se preocupar se aquela entidade está precisando de algo, mesmo que seja apenas ter o seu rosto enxugado com uma toalha (que o médium deve ter para cada uma de suas entidades) por estar suando, ter as mãos limpas no caso de ter manuseado algo que suje, etc
v  Anotar qualquer recado que a entidade passe para o médium dela, pois possivelmente irá esquecer
v  Notificar o médium e o Pai de Santo caso a entidade reclame de ter faltado algo para ela na gira
v  Notificar o Pai de Santo caso a entidade tenha alguma atitude inadequada no decorrer da gira
v  Evitar ficar em cima da entidade enquanto ela atende alguém, lembre-se que o assunto do consulente pode ser constrangedor quando dividido com alguém além da entidade
v  Não dispersar nem ficar conversando enquanto a entidade atende alguém, pois ao cambonear, a sua energia e concentração dão forças para a entidade manter o médium dela firme ao voltar. Quanto mais ela tiver que trabalhar sozinha, mais o médium vai voltar baqueado
v  Preocupar-se e ter noção do espaço que a entidade vai ocupar na gira e enquanto faz suas afirmações. Não há problema nenhum, ao perceber que a entidade está bloqueando um caminho, em respeitosamente pedir para ela se posicionar em outro lugar da sala. O mesmo para quando ela quer acender uma vela em um lugar que não tenha visto que está ocupado ou vai bloquear uma passagem
v  Antes de levar um recado, pedido ou dúvida da entidade que você está camboneando para um guia chefe, ter certeza que não irá atrapalhar ele em uma consulta ou afirmação, somente abordá-lo se tiver certeza que ele não está trabalhando, pois ele não pode parar o que está fazendo. Salvo apenas em casos de pessoas passando mal ou com possível obsessor irradiando
v  Controlar rigorosamente a quantidade de bebida ingerida pela entidade. Leva-se anos de incorporação para que a entidade consiga ingerir uma garrafa inteira e o médium não volte com nenhum sinal de embriaguez. Na dúvida, sempre consultar um guia chefe ou pai pequeno
v  Não grudar na entidade nos momentos em que ela resolve dançar, isso pode causar acidentes e até deixar o guia nervoso. Mas ficar a postos pois se ela for embora abruptamente o médium precisará de você para apoiá-lo
v  Estar a postos para apoiar o médium ao retornar, passar todos os recados pertinentes à gira para ele, e auxiliá-lo ao guardar os itens das entidades que devem ser cuidadosamente tratados o tempo todo como sagrados

v  Por fim, nunca colocar a mão diretamente nos chacras da pessoa ao segurá-la, e chama-la pelo nome ao retornar da entidade, dando tempo para que ela volte a si, oferecendo-lhe água ou dando a toalha para que esta se seque caso esteja suando.