Orixá doce, corajoso, acolhedor e de encantos inesgotáveis.
Iemanjá é a rainha do Mar, a deusa a quem os pescadores têm devoção, e aquela que todos podem recorrer nas horas de tristeza, de dor e medo.
A história de Iemanjá diz que quando ela decidiu ir viver longe dos cuidados de seu pai, ele a deixou com um pote e a instruiu a quebrar este no chão quando decidisse voltar ao reino do mar.
Iemanjá teve muitos filhos, e por muito ter amamentado seus seios ficaram enormes. Quando ficou cansada de viver em Ifé com Olokun seu primeiro marido, ela fugiu em direção ao entardecer da terra que seria o Oeste. Chegando lá, por ser muito linda, Iemanjá encantou o rei Okere que a propôs em casamento.
Ela só aceitou na condição dele nunca zombar de seus seios enormes, e muito apaixonado ele jurou que nunca faria tamanha crueldade.
Um dia Okere chegou em casa bêbado de Vinho de Palma, um vinho que estimula as pessoas a falarem somente a verdade e o que pensam. Esbarrou em Iemanjá que o xingou de porco bêbado. Ele reagiu falando:
"-Quem é o porco aqui? Não são os meus peitos que se assemelham a tetas de vaca"
Ofendida, Iemanjá fugiu abandonando Okere sem pensar no que poderia acontecer.
Nesta fuga Iemanjá foi perseguida pelo exercito do Rei Okere. Indefeza, porém com uma inteligência sem igual, Iemanjá colocou vários espelhos em sua volta e ficou no meio esperando os soldados, como se fosse enfrentá-los.
Ao verem suas imagens nos espelhos os soldados recuaram dizendo:
"- Iemanjá está acompanhada e protegida por soldados terríveis, vamos sair daqui enquanto ainda há tempo!"
Furioso com o ocorrido Okere resolveu ir ele mesmo ao encontro de Iemanjá para levá-la de volta ao seu reino. Ao se encontrar com ela Okere bloqueou seu caminho transformando- se em uma colina que se movia de acordo com a direção que Iemanjá resolvesse tomar.
Sem muita opção Iemanjá resolveu clamar ajuda a um de seus filhos mais poderosos: Xangô.
Tentando fugir Iemanjá tropeçou e partiu um de seus seios. Deste jorrava uma água que parecia infinita. Xangô viu a cena e furioso com tamanha injustiça lançou um raio que partiu Okere transformado colina em dois.
Ao ver o ato do filho, para evitar um desastre maior, Iemanjá resolveu quebrar o pote dado por seu pai.
Quando o fez, as águas que saíam dos seios de Iemanjá se tornaram salgadas ao se misturar com suas lágrimas, podendo assim integrar-se ao mar onde ela reencontrou seu pai.
Já no reino do mar, Iemanjá viu Nanã Buruquê abandonando um cesto na praia. Foi ver o que tinha no cesto e viu um bebê chorando, coberto por chagas no corpo todo.
Ela entendeu o motivo pelo qual Nanã havia abandonado a criança e resolveu cuidar como se fosse seu filho.
Essa criança tornou-se Obaluaê, o Orixá que trás a morte e a cura.
O único homem que Iemanjá não abandonou por não o ter de fato foi Oxalá, que dividia seu coração entre ela e Nanã.
Os filhos de Iemanjá são pessoas que têm o dom de acolher quem precisa. Filhas de Iemanjá geralmente são mães exemplares, mas não deixam sua independência de lado. Ensinam os filhos os perigos e prazeres de se viver para que eles possam estar aptos a enfrentar a vida e nunca ser derrotados, para que caso precisem se ausentar ou deixar que eles vão para longe, não precise sofrer de preocupações pois estarão bem encaminhados.
São também conselheiros muito bons, sabem ver os dois lados da história antes de aconselhar alguém a tomar alguma atitude, por serem assim são naturalmente procurados para isso.
Filhos de Iemanjá tem uma tendência de tentar concertar a vida dos que o cercam. E gostam de testar as pessoas
Vestem se com muito capricho. Capricho esse que tem um toque especial nos cabelos, pois é onde se concentra a maior força dos filhos de Iemanjá. Quanto mais bem arrumado é o cabelo de um filho de Iemanjá, mais irresistível ele será!
Características dos Filhos de Iemanjá:
- Carinhosos
- Vaidosos
- Maternais
- Verdadeiros
- Ciumentos
- Desconfiados
- Independentes
- Carentes
- Sedutores
Oferendas para Iemanjá:
- Pano ou toalha azul claro
- Fitas azul claro (escrever pedido)
- Flores brancas
- Champagne branco
- Manjar
- Peixes assados
- Espelhos
- Perfume
- Pentes
- Sabonetes brancos (escrever pedido)
*Geralmente as oferendas são entregues ao mar dentro de um barquinho. Devemos sempre nos ater a não exagerar, pois estaremos colocando coisas que não pertencem ao mar no reino de Iemanjá que é habitado por animais que podem comer e se envenenar com algumas coisas. Portanto por uma questão de respeito à natureza, encha seu barquinho com consciência.
Iemanjá foi o único Orixá que não permaneceu no sincretismo. Apesar de ter sido relacionada à Nossa Senhora dos Navegantes, a santa ganhou seu espaço no Brasil de tal forma que sua imagem tornou- se soberana (não que a dos outros não seja), fazendo com que onde se for Iemanjá seja Iemanjá mesmo.
Iemanjá é celebrada em dois dias diferentes do ano: Dia 2 de fevereiro para o Candomblé e dia 8 de dezembro para a Umbanda. Sua festa na Umbanda costuma "fechar" os trabalhos do ano dos terreiros, onde só voltam para a festa de Oxossi em Janeiro.
É uma celebração muito bonita e cheia de força, tanto a que é feita no candomblé quanto a da umbanda.
Ao fim da festa, quando Iemanjá baixa no terreiro, os filhos acompanham a santa até a beira do mar onde pessoas designadas para fazer isso entram no mar e colocam o barco com as oferendas feitas para a santa. Conta a lenda que o barco precisa tombar de ponta cabeça ou não voltar na primeira onda pra que se entenda que Iemanjá aceitou a oferenda.
Após entregue o ritual termina com a Sereia Janaína se manifestando na radiação de Iemanjá e levando todos os tipos de mágoas que possam estar na cabeça/coração do médium para as ondas do mar . Isso acontece quando Janaína lava seus cabelos. Ao lavar os cabelos a sereia está descarregando o filho(a) e qualquer um que esteja precisando se desprender de alguma mágoa para que Iemanjá possa trazer o "novo" da melhor forma possível.
- As velas de Iemanjá são Azul Claro, assim como suas guias e roupas na Umbanda
- Sua saldação na Umbanda é Odocyara e Odoyá no Candomblé
- Seu dia da semana é a Sexta Feira na Umbanda e o Sábado no Candomblé
- Seu elemento é o Mar
- Seu metal é a Prata
- Suas flores são as Palmas e as Rosas Brancas
- Suas Ervas são Alfazema; Anis Estrelado; Camomila Flor; Manjericão; Erva de Santa Maria; Mentruz; Noz Moscada; Erva de Bicho
- Seu símbolo é a concha
- Seu sentido é a Geração
- Sua atribuição é irradiar a todos os seres o sentido da vida
Na Umbanda, Iemanjá é incorporada por aqueles que a tem como mãe de cabeça ou ajuntó. A incorporação de Iemanjá é doce e serena assim como seu canto e seu caminhar. Ao sentir a radiação de Iemanjá, seus médiuns sentem- se empurrando as águas do mar com os pés e formando assim as ondas.
Iemanjá é hipnotizante, é o Orixá que mais consegue fazer as pessoas prestarem atenção em seus movimentos, esquecendo assim de todos os problemas. Para que com essa hipnose ela consiga levar todos os pensamentos ruins embora e abrir a mente das pessoas para que as coisas novas e boas possam ser geradas.
"Mãe de Deus Rainha das Candeias, que ilumina a terra e o mar.
Mandai um pouquinho de areia, dai força aos nossos Orixás"
Odocyara!