Orixá firme e sábio, benevolente e cheio de dignidade.
Nanã é a deusa que deve ser procurada principalmente quando alguém morre ou está perto de morrer. Em sua "Marola" ela navega com o desencarnado para o lugar que devido aos seus atos na vida, lhe foi determinado por Oxalá. Ela conforta também os corações dos que ficam, fazendo com que a dor da partida seja bem menor.
O orixá mais velho do céu com força e experiência insuperáveis.
Ela é responsável pela reencarnação, cuida do corpo dos mortos e recria a vida como uma peça de argila.
Em sua lenda no inicio dos tempos os pântanos cobriam quase toda a terra. Faziam parte do reino de Nanã Buruquê e ela tomava conta de tudo como boa soberana que era. Quando todos os reinos foram divididos por Olorun e entregues aos orixás uns passaram a adentrar nos domínios dos outros e muitas discórdias passaram a ocorrer. E foi dessa época que surgiu esta lenda. Ogum precisava chegar ao outro lado de um grande pântano, lá havia uma séria confusão ocorrendo e sua presença era solicitada com urgência. Resolveu então atravessar o lodaçal para não perder tempo. Ao começar a travessia que seria longa e penosa ouviu atrás de si uma voz autoritária: - Volte já para o seu caminho rapaz! - Era Nanã com sua majestosa figura matriarcal que não admitia contrariedades - Para passar por aqui tem que pedir licença! - Como pedir licença? Sou um guerreiro, preciso chegar ao outro lado urgente. Há um povo inteiro que precisa de mim. -Não me interessa o que você é e sua urgência não me diz respeito. Ou pede licença ou não passa. Aprenda a ter consciência do que é respeito ao alheio. Ogum riu com escárnio: - O que uma velha pode fazer contra alguém jovem e forte como eu? Irei passar e nada me impedirá! Nanã imediatamente deu ordem para que a lama tragasse Ogum para impedir seu avanço.
O barro agitou-se e de repente começou a se transformar em grande redemoinho de água e lama. Ogum teve muita dificuldade para se livrar da força imensa que o sugava. Todos seus músculos retesavam-se com a violência do embate. Foram longos minutos de uma luta sufocante. Conseguiu sair, no entanto, não conseguiu avançar e sim voltar para a margem. De lá gritou: -Velha feiticeira, você é forte não nego, porém também tenho poderes. Encherei esse barro que chamas de reino com metais pontiagudos e nem você conseguirá atravessa-lo sem que suas carnes sejam totalmente dilaceradas. E assim fez. O enorme pântano transformou-se em uma floresta de facas e espadas que não permitiriam a passagem de mais ninguém. Desse dia em diante Nanã aboliu de suas terras o uso de metais de qualquer espécie. Ficou furiosa por perder parte de seu domínio, mas intimamente orgulhava-se de seu trunfo: - Ogum não passou!
Nanã era esposa de Oxalá, mas teve que aprender a dividir o seu amor com Iemanjá que também o amava e conseguia atraí-lo para suas ondas ao encontro das areias brancas.
Sua amizade e parceria com Iemanjá foi tamanha que ao abandonar Obaluaê, Nanã só confiou de largá-lo na praia pois sabia que Iemanjá iria cuidar. E mais tarde ela ainda foi responsável pela conciliação de Nanã e Obaluaê como mãe e filho.
Os filhos de Nanã são extremamente compreensivos e procuram se colocar no lugar dos outros e têm uma capacidade de perdoar maior que os filhos de outros Orixás, por que eles guardam o rancor, mas quando perdoam esquecem completamente o que se passou e começam uma história nova. Apesar disso, não têm muito apego maternal. Os filhos de Nanã, até amam seus filhos, mas conseguem viver sem eles se precisarem seguir outro caminho.
Podem apresentar precocemente problemas de idade, como tendência a viver no passado, de recordações, apresentar infecções reumáticas e problemas nas articulações em geral.
Não são pessoas muito abertas, os filhos de Nanã geralmente sofrem calados, mas quando resolvem abrir falam tudo e mais um pouco. Procuram escolher uma determinada pessoa para se abrir e falar de si.
Os filhos de Nanã parecem ter a eternidade em sua frente para terminarem seus afazeres.
Características dos filhos de Nanã
- Compreensivos
- Leais
- Lentas no cumprimento de suas tarefas
- Ranzinzas
- Frágeis
- Determinados
- Protecionistas
- Fechados
- Vingativos
Oferendas para Nanã
- Pano ou toalha Roxo ou lilás
- Fita roxa
- Flores
- Frutas
- Beterraba
- Vinho Tinto
- Licor de Framboesa
- Arroz com repolho roxo
*As oferendas de Nanã são entregues em pântanos como na imagem acima, ou na margem de rios.
Nanã foi sincretizada como Santa Ana, a mãe de Maria, justamente por ser uma santa idosa e por ser associada à cor roxa também.
Por esse motivo o dia de Nanã fica sendo 26 de Julho
- As velas de Nanã são roxas
- A saudação para Nanã é: "Saluba Nanã" tanto na Umbanda quanto no Candomblé
- Seu dia da semana é terça feira
- Seu elemento é a Lama
- Nanã é quizilada com metais
- Suas flores são as do campo e os crizantemos
- O ponto da natureza que encontramos Nanã são nas beiras dos rios e nos pântanos
- Suas pedras são: Rubelita, ametista
- Sua irradiação e essência é a Evolução
- Suas ervas são: Manacá; Agapanto; Altéia; Cedrinho; Cipestre; Gervão; Quitoco; Quaresmeira
- Seu adorno é o Xarará
Na Umbanda assim como no Candomblé, somente incorporam o Orixá Nanã os médiuns que a têm em sua coroa como mãe de cabeça ou Ajuntó. Nanã vem tanto dançando, quanto encolhida e rasteijando como uma senhora de muita idade. Com seu Xarará, Nanã absorve todas as angustias e medos das pessoas que a ela recorrem.
Abaixo, um vídeo da Lenda de Nanã para ilustrar mais a explicação:
Saluba Nanã
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