É de extrema importância que o médium de Umbanda tenha
conhecimento das saudações das linhas e principalmente os pontos a serem
cantados para cada uma.
Pontos são as cantigas ou músicas que acompanhadas dos
toques de atabaque, energizam o terreiro e atraem os espíritos (entidades) aos
seus médiuns, com intuito de criar radiação de incorporação e aumentar a força
dos que já estão incorporados.
Diferente das casas que fazem os cultos de nação e do
Candomblé, os pontos cantados na Umbanda são em português, falando geralmente
de características, feitos ou qualidades da entidade ou do Orixá, para ajudar
os que estão no trabalho a mentalizarem e trazerem este para perto de si no
momento do culto.
Cada casa de Umbanda tem seus pontos para as mais diversas
situações. Principalmente porque cada casa é regida por um Guia Chefe
diferente, e geralmente é esse quem determina quais são os pontos que podem ou
não ser cantados nos trabalhos.
O papel dos atabaquistas é trazer (por vezes até compondo),
puxar os pontos e tocar o atabaque de acordo com o ritmo do mesmo. Cantando
pontos que vão ajudar o trabalho de acordo com a necessidade do Pai de Santo ou
do Guia Chefe que estiver liderando o momento.
Já o papel dos médiuns da sala é auxiliar os atabaquistas
cantando e vibrando com palmas, para que a energia se espalhe por todos os
presentes, formando assim a Gira.
Atabaquistas ou médiuns de sala, a obrigação de todos da
casa é saber o ponto principal de cada linha (geralmente ponto do Guia Chefe),
e cada ritual (abertura, defumação, bate cabeça, cura, chamada e despedida de
entidades e Orixás, fechamento, batizado, amaci etc).
Antes de se iniciar algum ponto, é preciso preparar a
vibração. E isso se faz com a saudação
da linha ou ritual que irá se iniciar.
Geralmente a saudação segue o padrão de chamar o nome do que
irá se fazer ou quem irá se chamar, seguido da palavra chave que caracteriza aquela
linha ou ritual.
Por exemplo:
- Salve a Bahia (Quem puxa)
- Getruá Bahia (Os que seguem)
É importante quem for puxar um ponto em ter sempre em mente
que a saudação é fundamental até por uma questão de puxar a atenção dos que
devem seguir, e especialmente respeito a quem vai ser saudado.
A saudação, entretanto, não se faz necessária entre um ponto
e outro. A menos que haja uma pausa no trabalho e a energia tenha que ser
puxada novamente. Do contrário uma vez é suficiente.
Dentre as saudações na Umbanda (e no caso desse texto,
especialmente no Templo de Umbanda Caboclo Flecheiro e Baiano Zé Pinga), temos
as seguintes para cada linha, e seus respectivos significados quando se
aplicarem:
Orixás
ORIXÁ
|
SAUDAÇÃO
|
SIGNIFICADO
|
Oxalá
|
Oxalá Meu Pai
|
Admiração pela honrosa presença
|
Oxossi
|
Okê Arô
|
Salve o Grande
Caçador
|
Oxum
|
Aie iê Oxum
|
Salve a Senhora da Bondade
|
Ogum
|
Ogunhê Meu Pai
|
Brado de quem tem força
|
Iemanjá
|
Odocyara
|
Amada Senhora das
Águas
|
Xangô
|
Kaô Kabecile
|
Venham admirar o Rei
|
Iansã
|
Epa hey Oyá
|
Salve a mãe dos nove espaços de Orum
|
Nanã
|
Saluba Nanã
|
Salve Senhora Mãe de Todas as Mães
|
Obaluaê
|
Atotô
|
Silêncio, ELE está
entre nós
|
Linhas de
Entidades:
LINHA
|
SAUDAÇÃO
|
Caboclos
|
Okê Caboclo
|
Pretos Velhos
|
Adorei as Almas Santas
|
Ibejis (Cosme)
|
Oni Ibejada
|
Erês (Malandrinhos)
|
Aramim Erê
|
Ciganos
|
Salve o Povo do Oriente
|
Boiadeiro
|
Getruá Boiadeiro
|
Baianos
|
Getruá Bahia
|
Marinheiros
|
Salve a Marinha
|
Malandros
|
Saravá a Malandragem
|
Esquerda
|
Laroyê
|
Cangaceiros
|
Salve o Cangaço
|
Pajés
|
Zum Zum Pinguelim
|
Sereias
|
Salve Janaína
|
*Lembrando que essas são saudações feitas na nossa casa. A
umbanda é repleta de diversidade, portanto é muito pretencioso falar que o
diferente do seu é errado!
Ligado aos pontos e saudações, temos as danças
características de cada Orixá. Que apesar de não serem tão regradas e ricas em
detalhes nos movimentos como no Candomblé, são de extrema importância.
Isso porque a mistura dos três componentes:
saudação-ponto-dança é a principal causa de atração dos Orixás e Entidades.
Ao nos mover cantar e saudar, nos condicionamos a mentalizar
aquele que virá, e isso com certeza o trará com muito mais força.
É de praxe quando saudarmos um Orixá que rege a nossa coroa
ou nos aproximarmos de uma entidade, cruzarmos o chão e nossos chacras. Esse
gesto é uma ligação de saudação, ponto e movimento. Além de precioso respeito e
amor aos que nos guiam.
Ao dançar para o Santo, não se deve ter outra coisa em mente
a não ser os pedidos de luz, força e orientação. Seja para vida, ou para os
trabalhos que se está prestes a conduzir ou auxiliar.
Por isso é de suma importância a participação de todo o
corpo mediúnico na abertura, vibrando na mesma intensidade do início ao fim.
Pois vai garantir que o trabalho tenha força e que as pessoas que dele
participaram (incluindo você) sintam essa força.
Na impossibilidade de dançar, participe da vibração batendo
palmas. O importante é colocar a sua força no ritual pois ela age em efeito
boomerang. Vai vibrar nos demais, e retornar para você potencializada.
Por isso durante os trabalhos é muito importante buscar
pensamentos bons, pois a nossa vibração vai emanar com a força desses
pensamentos, e podemos quebrar uma corrente de força prejudicando a nós e a um
irmão que esteja mais frágil naquele momento.
É muito importante lembrar que pensamentos bons atraem
coisas boas, assim como os ruins não farão diferente... irão atrair energias
ruins.
Portanto saúde, cante e dance buscando sempre o melhor, por
mais difícil que a vida esteja. Pois esse é o segredo que vai trazer a melhoria
para todos os males.
Salve a força, Saravá!
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