sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Malandros de Zé Pilintra


A linha dos Malandros é uma das mais novas na Umbanda, portanto também frequentemente não é entendida ou até mesmo cultuada.
Para falar de Malandros, precisamos primeiro falar de Zé Pilintra. A entidade que representa a ponta dessa linha.
Zé Pilintra é um ponto de intersecção entre a direita e a esquerda. Por isso em muitos lugares ele aparece em giras de Exu, giras de baianos, juremas como mestre e principalmente em giras de Malandros, que é a que ele lidera.
A versatilidade da energia de Zé Pilintra é de ponto muito importante para a firmeza dos trabalhos de Umbanda. Colocar Zé Pilintra na porta de um terreiro, garante que o mesmo proteja a sua entrada do que conseguiu passar pela tronqueira.
Também por estar em ambos os lados e representar a “malandragem”, Zé Pilintra não deve ser nunca afirmado dentro de casa.
Como é considerado um mestre, Zé Pilintra (e também seus malandros) costumam se mostrar com diversas qualidades, como médico, advogado, professor e várias outras variações da palavra “doutor”. E é praticamente impossível você ver um Zé Pilintra em um terreiro, e conseguir se encontrar com o mesmo em outro de um médium diferente, como as vezes acontece com Exus, Pomba Giras, Caboclos etc.


Malandros

Os malandros de Zé Pilintra, ou companheiros como ele mesmo gosta de se referir são entidades geralmente muito receptivas, falam muito bem, convencem as pessoas do caminho que elas precisam seguir com muita naturalidade sem ter que se alterar ou colocar medo nelas.
 Enfim, são malandros! 



Na linha de malandros se manifestam além de Zé Pilintra e seus parceiros, as malandras que podem ser mulheres com características similares às Pomba Giras (pois tratam-se de mulheres que foram aliciadas pelos malandros ou pelo próprio Zé Pilintra), e até mesmo mulheres com trejeitos masculinos que se identificam sim com homossexuais.


A linha dos malandros é a que mais zela pela diversidade dentro da Umbanda, por isso permite a manifestação de entidades dessas diferentes qualidades. E essas geralmente mostram a que vieram com muita sabedoria, disciplina e força para ajudar aos que procuram.
Além de Zé Pilintra, na linha dos malandros os mais comuns a se manifestarem são: Malandro Miguel, Mané Soares, Maria Navalha, Maria Navalhada, Zé Pretinho, Zé do Poste, Zé da Esquina, Zé do Boteco, Zé do Carteado, Zé do Cais, Malandro do Morro, Malandro da Lapa, dentre vários outros.


Agrados aos Malandros

Na gira de malandros, eles gostam de ser agradados com petiscos que lembram um ambiente de bar, cerveja, whisky, aguardente e cigarro ou piteira (há alguns que gostem de charuto).
Malandros não recebem como oferendas nenhum bicho. Apenas farofas com pimentas vermelhas enfeitadas com objetos como cartas de baralho, bolas de sinuca, dados, olhos de cabra, navalhas e moedas. 


Sempre muito cantantes e dançantes, os malandros nunca tornam o ambiente desanimado ou mórbido.


A vela que se utiliza para os malandros é a vermelha e branca e por serem a intersecção entre esquerda e direita, se coloca um copo de água e um de aguardente para afirma-los.


Pontos Riscados

Em seus pontos riscados, muitas vezes para os leigos confundidos com pontos de Exu ou Pomba Gira, os malandros não deixam de colocar símbolos como navalhas, cruzes, cartas, garfos (na grande maioria com cabos curvos), setas (semelhantes às flechas) para cima (atacando) ou para baixo (defendendo), dados de jogos e a lua.  


               

O que pedir aos Malandros

Muito indicados para nos tirarem de situações de risco e nos ajudar a falar quando não temos argumento, e principalmente nos darmos bem nas situações de conflito ou disputa.
Quem tem seu malandro fortalecido, não precisa se preocupar com pessoas tentando lhe passar a perna, pois antes mesmo que tentem, ele vai mostrar ou até mesmo afastar o inimigo.



O mais importante se frisar o tempo todo, é que apesar do nome e do "estigma” que envolve os malandros. Trata-se de uma linha de trabalho com falanges poderosíssimas e hoje indispensáveis na Umbanda como um todo. 
Portanto só temos a ganhar entendendo, respeitando e cultuando os malandros.


Saravá a Malandragem! 


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