Por Pai Everton D’Oxossi
Os Caboclos são entidades de luz que representam os índios brasileiros
que passaram pelo processo de colonização do país.
Dotados de sabedoria extrema e dons de cura e limpeza
espiritual, os caboclos são geralmente colocados em posição de guias chefes e dirigentes dos terreiros de
Umbanda.
Essa posição se dá também porque a primeira entidade de
Umbanda que se manifestou em um médium, fundando assim a religião, foi um
caboclo. O Caboclo Sete Encruzilhadas, que veio por meio do médium Zélio
Morais. Portanto é muito comum encontrarmos casas (que como a nossa) levam o
nome do caboclo ou cabocla dirigente. Motivo também que na saída de santo do
médium, tiramos o Caboclo da camarinha além do Orixá. Geralmente coroando ele
com o seu cocar.
Brados
A grande maioria dos caboclos ao serem invocados, se
apresentam com brados característicos de suas aldeias. Brados estes, que são tanto
para anunciar sua presença quanto de espantar espíritos mal-intencionados do
lugar em que chegam. Esses brados não são imperceptíveis, mas também não há necessidade
do caboclo de estourar as cordas vocais do médium para mostrar que está
chegando. Embora seja comum ao desincorporar de um caboclo o médium apresentar
uma certa rouquidão, isso não será pela intensidade dos brados e sim pela
quantidade de vezes que o mesmo bradou. Esse é um ponto de atenção para os
Zeladores que estão doutrinando seus médiuns na incorporação dos caboclos.
Fala e Postura dos Caboclos
Os caboclos falam de maneira meio enrolada, uns mais outros
menos. Isso se dá devido ao grau de instrução, desenvolvimento espiritual (que
evolui juntamente com o desenvolvimento do médium) e frequência que trabalha.
Tanto a fala quanto a quantidade de cores que os caboclos
escolhem usar diz respeito ao contato que tiveram com o homem branco em vida.
Vida essa que na grande maioria omitem detalhes por serem guias de movimento e
só olharem para a frente.
São entidades simples, que zelam pelo minimalismo (só não
mais que os Pretos Velhos), e dão valor às pequenas coisas e gestos, nos
ensinando assim a dar o mesmo valor. Não se colocam como superiores de nada nem
ninguém, mas também não abaixam a cabeça, por serem uma linha
muito iluminada e terem por si só o senso de que esse gesto caracteriza
submissão e muitas vezes vergonha.
Adeptos na grande maioria à cor verde, por representar as
matas. Mas é possível e até comum encontrar os que trabalhem com marrom, branco
ou até outra cor que não seja o preto.
Grupos e Falanges
Dividimos os caboclos em dois grupos e dentro desses dois
grupos as suas falanges.
Os grupos são:
Grupo
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Quantidade de cores
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Especificação
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Caboclos de Mata Virgem
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1 cor
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Índios que não tiveram contato nenhum com o homem branco. Em
incorporação demoram mais para se comunicar de forma clara
|
Caboclos da Mata
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2 cores ou mais
|
Índios que tiveram contato com o homem branco. Apresentam mais
facilidade para se comunicarem e aceitarem as coisas do mundo moderno
|
As falanges são as dos Orixás, e dentro delas encontramos os
seguintes caboclos que não necessariamente o médium precisa ser filho de cabeça
do Orixá para trabalhar com o caboclo:
Falange dos Caboclos de Ogum
Águia
Branca, Águia Dourada, Águia Solitária, Araribóia, Beira-Mar, Caboclo da Mata,
Icaraí, Caiçaras Guaraci, Ipojucan, Itapoã, Jaguaré, Rompe-mato, Rompe-nuvem,
Sete Matas, Sete Ondas, Tamoio, Tabajara, Tupuruplata, Ubirajara, Rompe-Ferro,
Rompe-Aço
Falange dos Caboclos de Xangô
Araúna,
Cajá, Caramuru, Cobra Coral, Caboclo do Sol, Girassol, Guaraná, Guará,
Goitacaz, Jupará, Janguar, Rompe-Serra, Sete Caminhos, Sete Cachoeiras, Sete
Montanhas, Sete Estrelas, Sete Luas, Tupi, Treme-Terra, Sultão das Matas,
Cachoeirinha, Mirim, Urubatão da Guia, Urubatão, Ubiratan, Cholapur.
Falange dos Caboclos de Oxóssi
Caboclo da
Lua, Arruda, Aimoré, Boiadeiro, Ubá, Caçador, Arapuí, Japiassu, Junco Verde,
Javari, Mata Virgem, Rompe-folha, Rei da Mata, Guarani, Sete Flechas,
Flecheiro, Folha Verde, Tupinambá, Tupaíba, Tupiara, Tapuia, Serra Azul,
Paraguassu, Sete Encruzilhadas, e todos os de Penas (Branca, Azul, Dourada,
Verde, Vermelha, Roxa)
Falange dos Caboclos de Omulu
Arranca-Toco,
Acuré, Aimbiré, Bugre, Guiné, Gira-Mundo, Iucatan, Jupuri, Uiratan,
Alho-d’água, Pedra Branca, Pedra Preta, Laçador, Roxo, Grajaúna, Bacuí, Piraí,
Suri, Serra Verde, Serra Negra, Tira-teima, Seta-Águias, Tibiriçá, Vira-Mundo,
Ventania.
Falange das Caboclas de Iansã
Bartira,
Jussara, Jurema, Japotira, Maíra, Ivotice, Valquíria, Raio de Luz, Palina,
Poti, Talina, Potira
Falange das Caboclas de Iemanjá
Diloé,
Cabocla da Praia, Estrela d’Alva, Guaraciaba, Janaína, Jandira, Jacira, Jaci,
Sete Ondas, Sol Nascente
Falange das Caboclas de Oxum
Iracema,
Imaiá Jaceguaia, Juruema, Juruena, Jupira, Jandaia, Araguaia, Estrela da Manhã,
Tunué, Mirini, Suê
Falange das Caboclas de Nanã
Assucena,
Inaíra, Juçanã, Janira, Juraci, Jutira, Luana, Muraquitan, Sumarajé, Xista,
Paraquassu
*Assim como
mulheres podem incorporar caboclos, homens podem muito bem
incorporar caboclas sem a menor distinção ou significado aprofundado. Nem mesmo baseando-se
em orientação sexual do médium, tendo em vista que uma coisa não tem
absolutamente nada a ver com a outra. Mesmo porque os caboclos são entidades
que não trabalham na sensualidade nem muito menos na vida sexual do médium.
Trato nos cultos e Oferendas dos
Caboclos:
Os caboclos,
como dito anteriormente, são minimalistas e prezam pela simplicidade. O mais
enfeitado que você deverá encontrar um caboclo, é com penas, e em giras
específicas (geralmente festas) os que são adeptos manuseiam o urucum para
pintar seus rostos. Isso por questões obvias, por se tratar de índios.
Caboclos gostam
de fruta, e na grande maioria vão comer ela com casca. Tudo que é natural!
Gostam de
beber vinho ou cerveja (sem distinção de quente ou fria) por terem sido
apresentados a essas bebidas pelos colonizadores, sucos naturais sem açúcar ou
adição de absolutamente nada, e água.
Fumam
charutos ou cachimbos (contanto que estes sejam o mais simples possível –
preferencialmente os de madeira lascada) com fumo de plantas. Pisam no chão
independente da ocasião, comem com a mão e não fazem questão nenhuma de luxo.
Portanto se
nos depararmos com um caboclo que não aceita trabalhar porque no terreiro não
temos determinada coisa por falta de recursos, certamente estaremos lidando com
o ego do médium e não da entidade em si. Partindo do princípio que a natureza
se adapta, sempre há algo para substituir o vinho que possa estar faltando ou a
vela verde que não foi possível comprar.
Elementos e Vibração
Temos também os elementos dos caboclos que nos ajudam a
entender o foco vibratório de cada um. Isso geralmente já se identifica pelos
nomes que eles se apresentam, mas há exceções à regra.
Dentre esses elementos podemos entender o seguinte:
Elemento
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Vibração
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Pena
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Caboclos que tem facilidade de ensinar doutrinas para médiuns e
outros caboclos em desenvolvimento. São os que geralmente sentam e dão uma
aula sempre que chegam
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Flecha
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Caboclos que trabalham direcionando os que procuram através de
conhecimento. Geralmente esses caboclos contam histórias e fazem associações
que ajudam as pessoas a identificarem o que precisam melhorar
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Folha
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Caboclos que atuam na cura e limpeza
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Pemba
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Caboclos que atuam em questões de harmonia e ajudam as pessoas a
ampliarem suas mentes e deixarem de se limitar
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Pedra
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Cabloclos que lutam por justiça e não gostam de nada fora do lugar.
Geralmente são entidades muito conservadoras
|
O mesmo caboclo pode
vibrar com mais de um elemento, consequentemente apresentar características de
ambos
Linhas Paralelas de Caboclos:
Existem também linhas paralelas de caboclos que se
subdividem e em algumas casas são cultuadas em giras específicas, já fora das
giras dos caboclos das falanges citados acima.
Dentre essas linhas temos:
Caboclinhos da Ibeijada ou Curumins
Nesta
encantadora linha, encontramos os Caboclinhos e Caboclinhas do Mato que se
manifestam em sua forma indígena.
Pajés ou Caboclos Feiticeiros
Linha dos
índios mais idosos e experientes. Por muito tempo confundidos com Pretos Velhos
por geralmente apresentarem estrutura corporal de um idoso. Baseado na função
dos pajés nas aldeias indígenas, essa linha trabalha proporcionando as curas
através de operações espirituais, e orientações de uso de ervas medicinais para
a saúde dos que a procuram.
Caboclos D’Água ou Caboclos da Praia
Caboclos que
representam os primeiros Índios que tiveram contato com o homem branco e
trabalham nos mistérios das águas. Esses caboclos geralmente não passam muito
tempo incorporados e têm muito mais dificuldade de se comunicar do que qualquer
outro. Sua chegada e partida breves acontece pois geralmente esses caboclos só
aparecem para absorver alguma energia negativa que tenha ficado no ambiente e leva-la
embora.
OKÊ
CABOCLO!